domingo, 27 de junho de 2010

Três meses atrás, algo me acordou no meio da madrugada, era eu ligando para mim mesma, dia 29/3 - 2:43:

Acordo, meio da noite, banheiro. Cabeça tonta. As poesias formuladas nos sonhos, todas, rodando dentro dela. Ele me olha de longe, no olhar a cumplicidade de quem conversou por horas. Colega de muitas poesias. Ela me vê, assusta, não reconhece. Ainda me confundo com a poeira do velho relacionamento. Ela vê, assusta, a poeira ainda se confunde com meus cabelos. Apoio no braço, assusto. A poeira ainda engrossa meus cabelos, sinto ásperos. Limpa, vassoura, trabalho. Um emaranhado de poeira no chão. Linda imagem, que poesia. Linda imagem, que fotografia. Pegam a pá, antes que eu pegue a máquina. Conversa longa, vida convertida em poesia. Conversa longa, prosa. Levanto, bato a poeira. Corro, me fogem as criações noturnas. Barriga ronca, relógio tic-tac, geladeira. Esse é o silêncio da noite. Luz amarela, fraca. Carro ao longe, raro. Caneta riscando o papel, faz "tac" quando pontua. Seu riscar dita o ritmo. Embala os sonos. Bala somos. Balsomos, bálsamos. Em bálsamos. Embalamos. Os sons somos.

sábado, 26 de junho de 2010

Tão quente quanto um floquinho de neve. Tão presente quanto o esqueleto de uma folha, esquecida. Aquecida pela lua, vapor, tua nuvem. Não venha distrair-me, tão logo estarei de volta. Volta completa, tu perdida. Esquerda, direita, dislexia. Diz axila, sou vácuo.
Luas redondas em céus cabelos.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Você Passivo, eu Pacífico, você passa eu oceano.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

E quando eu puder chorar novamente, minhas lágrimas já não congelarão com o frio que vaza de ti.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Mal humor é um estado passageiro. Passageiro no ônibus. Estado país. Cada qual no seu lugar.

domingo, 13 de junho de 2010

Tropecei e despenquei do abismo. Abismado um duende saiu do seu ninho, para quedas aberto perguntou pelo meu. Cabelos no rosto, voz embargada, tentei falar, minha saia. Saia! Ensaiou a partida, não aguentou a distância. Escorrendo pelo ar, pensei em parar, pediram por um par, mandei se calar. Calçar meias antes de partir, par_tir. Parti, colei invertido. Verteram palavras do solo. Caí sobre elas, engoli algumas, vocabulário enriquecido. Esquecido o ocorrido, saí pela tangente, bati os "jotas" que ficaram enGatados, e os "ges" com muito Jeitinho. O duende me olhou assustado, correu para outro estado. Se agora calmo ele pode pensar, eu vou passar por aqui e entrar ali.

sábado, 12 de junho de 2010

Hei, Maria, viu aquela avezinha? Heiiii cadê aquele passarinho preto? Hei ele fugiu por onde? É assim agora então? Alguém viu aquele ratinho mal cheiroso? Sinto o seu cheiro podre e não consigo ver, estará ele se escondendo?! Aaaah mas então só pode ser isso, não é? E aquele rapaz sentou em um canto, se escondeu atrás das próprias pernas, e essa já é outra história. Agora começa um novo período e todos estão sabendo disso. Dito isso, o que digo eu? Vi aquela avezinha, depois não vi mais, terá sido um sonho, ou é agora um pesadelo? E sendo a sua vida real, a minha vida imaginária, quem é que decide? Você se prendeu a mim ou você me prendeu, ou você me perdeu? Foi tudo isso junto. A prisão é o lugar onde mais se deseja a fuga. E é na liberdade que mais se deseja perder.
Qualquer coisa, entrando de dentro para fora, saindo de fora para dentro. Suas invencionices caíram na mesmice, e a mesmice se rendeu as invencionices de um qualquer. Quer ver, ou_vir?
Ou_vi um peixe nadar, e que coisa estranha, pensei estar seca, enquanto inunda, imunda.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Como é estranho, de repente estar de volta a esse mundo próprio, ainda assim minha criação não me estranha, mesmo eu não me reconhecendo. Espero que todas as angustias continuem sendo sublimadas e como árvores, passam correndo por essa minha estrada. Entrada, entre na madrugada. Me de a mão criança inquieta, lavo meus cabelos com suco de laranja, limpo suas mãos com algodão doce. Junto-me a você, entre esses livros na prateleira, agasalho comprido. Cumprindo nossas próprias ordens, somos sonos sons desordens.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Não deixe que as lágrimas congelem com o vento que sopra aquela vampira pegajosa. Desviei mil fantasmas e quando cheguei pertinho da porta de saída um porco espinho agarrou no meu pé.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Essa manhã caí em um velho buraco, quando me aproximava do fim, avistei aquela lama fedorenta e pegajosa. Descobri que aquelas paredes não são mais minhas, os cuidados que tive com manutenção foram jogados fora, e tudo virou um lixo podre e fedido. Essa palavra incomoda? Fedor, fedido, fedorento? Engraçado como as pessoas tampam o nariz para o que vem de dentro, ficam reclamando da podridão do lado de fora enquanto exalam sua própria putrefação.