segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ficar acordado enquanto todos dormem, e querer dormir quando todos acordam. Ficar parado quando restar apenas a fala, até que por fim acabe o som, e reste um turbilhão ascendente que não sabemos de onde vem e para aonde vai. Quando estiver completamente envolto, não lembrarei dos dias que morreram, mas lembrarei da falta que alguns fizeram. O silêncio interrompido por um fim, deixa as suas dúvidas e leva as minhas. Pensei que eles tivessem esquecido meu nome.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O silêncio orquestral de um dia entardecido.
O inesgotável cansaço de uma mente embrutecida.
O memorável esquecimento de um corpo envelhecido.
O calculo das incontáveis noites encantadas.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Aproxima-se o fim, e quanto mais ele sorri para mim, mais rápido corro para a porta de saída. O Sol raiou feliz nos últimos dias, ele ignorou tantos passados, vislumbrou tantos futuros. E o que será o fruto da árvore caída. Morta tornou-se adubo, esconderijo virou esqueleto, e agora, ou nos jogamos na correnteza ou nos juntamos aos restos.
Foi numa hora dessas que surgiu aquele campo de rosas multicoloridas, eu poderia ter escolhido uma ou duas para minha casa, preferi ficar com todas, no meu olhar, e só meu. Larguei elas lá e pude contar por gerações. Corri de braços abertos, senti alguns espinhos nas canelas, deitei e pude ver a lua surgir, as estrelas, as nuvens andando suaves. Pude ouvir os últimos pássaros se refugiarem, e quando as cavalgadas ficaram mais fortes, eu já não estava mais lá. A joaninha solitária voou e quando ele chegou, o silêncio esperava. Aquela corrida no contra fluxo, e antes que qualquer um visse, era rainha de paus.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Reviravolta, um caracol sobe a vidraça.
Vidrada vejo seus movimentos, movimento.
Perco a cabeça, rolo caracol.
Fico tonta, caio na lagoa
Numa boa, chame a patroa.
Subo a janela, caracol observa
Faço uma reserva, restaurante para dois
Caracóis em conserva
Não conte para Dona Josefa,
vou estar em Maracutaia.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando eu estiver de volta, terei perdido a conta de quantas vezes fiquei sem ar. Quando estiver bem triste e cansada, desistirei de acordar, e então, não dormirei mais. E quando tiver deixado de dormir, não precisarei mais acordar. Estando eternamente em minha própria companhia, poderei dizer aos idiotas que seu teatro não os tornou menos medíocres ou infelizes.

Quando eu estiver de volta, não ligarei para trocarmos algumas palavras. Subindo o caminho íngrime e solitário, olharei apenas para as pedras que podem me dar apoio, observarei o inço que sobrevive por ali, flores delicadas e intrusas. A falsidade é tão natural quanto a morte.

Quando estiver bem cansada não dormirei mais, não precisarei acordar.

domingo, 15 de agosto de 2010

Ex_tudo é nada.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Gotas de chuva no chão, raio de sol no guarda roupas.
Sexta feira 13, encontro marcado
Rua Benvindo Valente.
Botas de cano alto,
mangas curtas para sair,
agasalho para voltar.
Vou estar onde quiser,
se não estiver
noite de lua cheia.