Espaço para novas coisas velhas, velhas coisas novas, coisas novas, velhas e de meia idade.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Distorção
Distorcemos
palavras e conceitos para que caibam todos no nosso bolso. Distorcemos
dias, anos e estações para que caibam todas nas nossas divisórias.
Torcemos nossas faces para que com o líquido que dela escorre possamos
fazer uma bela sopa. Rompemos todos os dias com os destroços que
sobraram de nós mesmos no dia anterior. Distorcemos nossa própria imagem
para que ela possa servir no espelho dos outros. Roubamos nozes e
amoras e muitas vezes, ainda assim, continuamos sem amor e sem voz.
Somos todos nós juntos uma distorção do individual e a criação de um
novo ser que destruiu cada um para criar o todo que é um pouquinho de
cada, mas todo de ninguém.
Agimos
por impulso ou premeditadamente e nos distorcemos para podermos ficar
adequados e prosseguir. Até que em meio a nossas distorções possamos
encontrar nossa verdadeira face, possamos encontrá-la em cada fragmento
de nós mesmos. E no final perceberemos que ainda estamos inteiros em
cada distorção, e que a cada distorção não deixamos de ser, mas apenas
nos adaptamos.
Distorço-me, mas não me destruo, porque vou aprendendo a falar do meu modo, não importa o que querem que eu diga.
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