segunda-feira, 21 de maio de 2012

E mais uma vez o estrondo foi repentino. Fiquei por alguns milésimos de segundo sem saber o que faria, mas ainda assim não deixei de aproveitar o tempo para anotar mais uma ou outra coisa, juntar minhas coisas e tomar meu rumo. Aonde deveria ir, ou deveria simplesmente ficar ali parada esperando que alguém viesse me buscar pela mão. Professor, o circo pegou fogo, assim como o senhor pediu, mas os bombeiros não conseguiram controlar e estamos temporariamente desalojadas. Então deveríamos conseguir um novo passaporte, ou esperar que o dia amanheça novamente, que as lágrimas sequem e quem sabe que aquele pobre corpo esteja recomposto. 

Como podemos então esperar uma boa respostas daqueles sobre os quais não depositamos uma boa pergunta? Eu pergunto então: quem são vocês? E eles respondem até com certo prazer, e quase ameaçam respeitar-me embora meu poder seja ainda tão infinitamente menor. Talvez eles só queiram alguém que veja neles além do que poderiam supor, e não aquém do que já sabem ser.

Eu mesma não saberia dizer ao certo quem são essas "crianças", mas elas mesmas em toda a sua certeza e altividade, do que mais têm certeza é do tanto de dúvidas que guardam.

terça-feira, 8 de maio de 2012

E eu fiquei esperando sua ligação até a hora de desistir, esqueço que é de fato desligado!

Certificado genuíno

A hora produtiva chega e nem sempre estamos prontos para receber ela. Algumas horinhas é o que poderia pedir, entre uma obrigação e outra. Uns dois dedinhos de prosa sem falar do documento da discórdia. Para que serve esse pedaço de papel cheio de palavras e alguma assinatura? É ele a garantia do teu sustento, ou da tua dor de cabeça até as 2h da manhã? Montamos aulas, fazemos planejamentos, e no meio tempo ainda nos deslocamos para atender a um pedido... inútil. Mas como ousaríamos então avaliar aquilo sobre o que nem temos conhecimento. Eu sei apenas das palavras que li, das folhas que imprimi, e elas me dizem ativo, para mim basta, e para você? Mas talvez aquela mão grande e vestida de social pega nos pauzinhos e vai logo desenrolando a dança que mais gosta, mesmo que os fantoches logo ali não desejem se mover. 

Quem são estes homens que param no alto do morro e observam todo o movimento e mandam suas ordens sob pena de pobreza? Sabe o que eu penso, que pobres são eles, e não fosse um carro ou dois, iriam igualmente cheirar a cão molhado. Sabe o trabalho que não acabou, a corrida que freou na metade, as lacunas que não soube preencher? Eles também não sabem, mas pagam alguém que diga entender mais, e se de fato é o mais apto porque demora tanto mais?

Então sempre volto ao ponto de partida, posso estar errada, e se estiver pelo menos poderei dizer que errei com a maior convicção, a qual todos vocês jamais tiveram com relação a suas certezas absolutas. Imparciais, vamos aprendendo a ser ao longo do tempo, e quase acreditamos ser assim. Mas subitamente abandonamos o carro em meio ao transito e um alerta surge, algo não vai bem. Então concluímos que sou simplesmente um louco, incapaz de controlar ou julgar seus atos, que pensa estar fazendo tudo exatamente como deveria ser feito. 

Ou podemos ouvir a voz quase rouca de tanto repetir, e perceber que na verdade aquele impulso genuíno e aparentemente burro, foi apenas fruto da nossa inteligência mais íntima dizendo, salte agora ou sufoque na próxima esquina. Assim descobrimos que os dois jogos são igualmente perigosos, abandonar o carro a cada esquina e correr o risco de ser tragado pelo fluxo ou esperar que chegue a esquina que nos sufocará. Das duas formas afundaríamos, e então eu teria que te pedir perdão por não acusar teus parceiros de ter mal caráter, mesmo que injusta ou errada. Uma opinião que vai buscando sempre sufocar deve ser liberada, assim mesmo, sem prévio aviso. 

Nada alivia, nada dissolve simplesmente. Quem é essa mulher do outro lado da linha, que tarefa é essa que nos toma. Perdoa esses pedidos impulsivos, esquece esses freios bruscos, desvia essas falhas sistemáticas. Porque eu quase nunca percebo, mas geralmente eu sei.