segunda-feira, 29 de julho de 2019

Reflexões sobre o amor

Um dia desses pensava sobre como amar cada vez mais pessoas causa cada vez mais dor, porque sentimos saudades. Mas um tempo depois percebi que estava deixando de perceber o mais importante: temos cada vez mais alegrias. As pessoas das quais gostamos nos fazem ter momentos muito felizes pelos simples encontro, pelas palavras trocadas, por um momento de apoio, ou pelas conquistas que podemos dividir. Quando alguém de quem gostamos muito supera um obstáculo é como se superássemos junto.

Essa pequenas dádivas, o encontro casual, o reencontro depois de muito tempo, um abraço, uma mensagem inesperada. Precisamos olhar para essas alegrias, para as poucas pessoas que realmente nos conhecem. Isso traz as maiores alegrias, são elas que nos ajudam a passar pelo mundo como prazer. Percebi que ao pensar na dor da saudade esquecia de olhar para a alegria do encontro. Foco no positivo.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

O fim

Um vazio pode tomar conta de qualquer um logo após o fim. A luta parece programada até certos momentos, depois disso só a vivência poderá nos mostrar as possibilidades. Tem dias durante os quais parece nem haver possibilidades. Você está sentado em um barco no meio do oceano e o vento para. Não há uma brisa que sopre em seus cabelos. Parece não haver ar sequer para respirar. O que fazemos?

Parece que a partir de um determinado ponto só é  possível seguir em frente. Então, mesmo no escuro, vamos colocando um pé a frente do outro. Lentamente, seguimos na expectativa de evitar todos os buracos. Os olhos arregalados veem muito pouco, a noite é de lua minguante. 

Há essa ideia de que a luz da lua é uma ilusão, porque na realidade reflete a do sol. Precisamos então contar com a intuição. A quantidade de luz natural que temos à disposição é sempre variável. Sugiro então que contemos com essa crença em nós mesmos, uma vez que somos a única constante em nossas vidas. 

Vejo, com frequência, as pessoas ignorarem os benefícios que recebem. A vida é mais dura sem perceber as mãos estendidas. Durante a noite esses apoios são ainda mais importantes, talvez, alguém veja melhor do que nós. Um passo após o outro. Assim seguimos, mesmo no vazio, mesmo durante a noite, mesmo nos dias em que não venta. A fé em nós, assim prosseguimos mesmo quando encontramos alguns buracos, damos a volta, passamos por dentro, caímos e levantamos. A confiança nos outros, de que há muitas pessoas dispostas no mundo, de que há quem queira ajudar, assim as dores do caminho são menores. Sempre haverá quem o entenda, espero. 

terça-feira, 16 de julho de 2019

Caminho

Acredito que ao longo da vida nunca voltamos ao início. Os caminhos que traçamos ficam todos registrados. Podemos fazer milhares de curvas, mas as pegadas permanecem. Com  isso quero dizer que as ações passadas ficam registradas, apesar de qualquer nova atitude. O que não quer dizer que as pessoas não mudem, pois acredito que mudem sim. Apesar de todas as mudanças que aconteçam na vida, as consequências do passado podem ser sentidas na atualidade.

Falo isso porque, às vezes, ouço falar como uma pessoa foi injustiçada, mas nesse momento parece que os erros dela são esquecidos e o de outra pessoa supervalorizados. Não significa que injustiças não ocorram, nem que o erro não exista. Isso quer dizer que antes de atirar mil pedras, devemos considerar as questões que envolvem cada uma das pessoas. Ao fazer isso, talvez, não tenhamos mais pedra nas mãos.

Sentir-se menos valorizado ou mais cobrado é uma constante entre as pessoas, pelo que percebo. E acho que está tudo bem. Mas é importante que, em algum momento, superemos esse sentimento. Não pelos outros, por nós mesmos. Quando pudermos compreender o outro e como ele nos olha, talvez exista mais paz no munda e também em nós. 

Nenhum caminho se apaga no mundo, por mais que esteja nublado para nós. Se pudermos respeitar esses passos traçados, mesmo que invisíveis, poderemos, talvez, conviver de forma mais amorosa e harmoniosa. Dimensionar os problemas dos outros é sempre um trabalho injusto, porque um sentimento só é conhecido por quem o experimenta. Avaliar o outro não é um trabalho nosso. 

Passei a refletir sobre isso depois de coisas que ouvi de diversas pessoas nos últimos dias. Com isso passei a sentir que damos uma dimensão muito grande aquilo que vem de fora, assim acabamos, muitas vezes, esquecendo de olhar para o que vem de dentro. Não me excluo desse grupo, é justamente por me incluir que falo sobre isso. Ver o problema do lado de fora é sempre um exercício mais fácil para nós, porque identificar nossos próprios problemas pode representar uma dor maior. Acontece que é essa dor que nos levará à transformação. 

Julgar e culpar são sempre trabalhos feitos com muita rapidez. Entretanto, a compreensão pressupõe um caminho mais longo, mais reflexivo, despende mais energia. A compaixão anda em alta só quando é fácil, quando está de acordo com nossos conceitos já formados. Talvez, esta seja a hora de o mundo começar a olhar para aquilo que não compreende com facilidade, de superar barreiras. Estamos ficando sem tempo, todos nós, todos os dias. Estamos sempre mais próximos da linha de chegada e o ponto de partida sempre mais distante. Gostaria que pudéssemos atravessar a faixa todos de mãos dadas e cabeças erguidas. Quem sabe, em breve, possamos todos ter os corações um pouco mais aquecidos.   

segunda-feira, 15 de julho de 2019

As falas

Uma coisa pode ser dita de diversas formas. Muitas vezes dizemos com um olhar ou um gesto e esses costumam ser meus dizeres favoritos. No entanto, às vezes, sentimos a necessidade de ouvir em palavras. Aquelas ideias todas guardadas, que vão se manifestando aos pouquinhos, podem se tornar pesadas demais se não forem postas em letras, espaços e algumas pausas.

Um dia acordei e percebi que aquilo que parecia óbvio pegava a estrada para longe. Foi um dia triste, de pouca produtividade, de muitas dúvidas. Sentei e, por um tempo, tentei descobrir o que reservava o futuro, nem isso trouxe alívio. Tem dias em que o futuro não quer ser conhecido. Sentei então em silêncio e esperei passar aquela dor. Eventualmente aquele turbilhão passa, mas um leve vestígio das dúvidas continua nos acompanhando.

Todos os dias parecem conter um aviso oculto. A informação está quase ao alcance, mas os dedos tocam de leve e não conseguem segurar. Parece que quanto mais nos esticamos, mais a resposta se afasta. Então esperamos quase impacientes que o vento mude. Deixamos tudo pronto e esperamos. O restante não depende de nós, precisamos apenas aplacar a ansiedade.

Penduro um quadro novo na parece e olho para ele por alguns instantes. Mesmo o que está feito deixa dúvidas, era esse mesmo o caminho a ser tomado? Seguro sua mão no escuro e peço que deixe uma luz acesa. O mundo vai se movendo de vagar, eu tento acompanhar o passo das estrelas. Seguro com mais força e percebo que não há mão alguma. As palavras tocam o teto e voltam para mim, o mundo está vazio.