segunda-feira, 30 de julho de 2012

Às vezes sou tão barulhenta por dentro que não percebo que faz silêncio lá fora.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Entre os mortos vivos

Sento na cadeira fria e úmida. Pergunto lentamente a cada sopro de vento o que dizem estas páginas vazias. Elas despejam seus ódios e anseios sobre a mesa de madeira maciça. Logo começamos a sentir seu cheio apodrecendo como quem não aguenta mais a carga de cera velha aprisionando seus fluidos. Final da tarde percorro a praça dourada enquanto o frio vai sendo absorvido em direção ao calcanhar, umedeço a partir das bases e nem posso dizer sem culpa que a vida começa depois das onze. Pego no fio da meada e parada olho para os lados procurando o sentido da vida. 

Hoje, independente do que pensam, tomei a atitude que poderia ser certa ou errada, e quase não me preocupei com o julgamento da sua validade. Hoje demos um passo em direção ao futuro, o que poderia ser mais assustador? Do outro lado da porta ainda é noite, e eu já amanheço para servir o café. À noite procuro não provocar a fúria de pessoa alguma, pois o lado zumbi de todos já é ativado pela raiva e apenas eu ainda sobrevivo. Ao menor descuido, uma palavra errada e então eu ativo o ataque mortovivo e se não for ágil o suficiente torno-me também um deles. Calo-me diante de tantos estranhos, eles invadem minha casa e meu sono. Eles tomam conta e questionam o sentido da vida que não sabem viver.

Talvez a única solução seja esquecer as perguntas que fazem essas folhas brancas. A água começa a gelar também elas, e por mais que o dia esquente a luz ainda não acende. Penso em cada um de vocês com atenção, corrijo sua vida em um segundo sem perceber que sou eu quem precisa de reparo. Rompi no meio do caminho e já nem sei mais aonde ia. Esqueci o roteiro e me perco por falsos trajetos. Os labirintos estão todos ocos, seu gelo não respeita casacos e uiva nas extremidades. Lembre de usar o telefone azul, diga que cor têm as flores em sua janela.