segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Transformação

 O dia amanheceu preguiçoso. Parecia impossível prosseguir. Será que o relógio já despertou? Sim, mas tudo estava esquecido. Em uma variação entre estar bem acordada e totalmente sonolenta, fui tomando consciência do dia. Às vezes é mais difícil seguir e, no entanto, não é possível parar. A vida se bifurca e resta tirar o melhor de cada momente.

Eu queria começar ligando para você, conversar um pouco enquanto tomo uma xícara de café. Mas você está indisponível. Queria entender onde errei, quando deixei que escorresse entre os meus dedos. Fato é que nunca esteve ali. Seus planos talvez tenham sido sempre diferentes dos meus. Acontece que não tenho como saber ao certo, porque nunca me dei ao trabalho de perguntar. Falha minha.

Pensei saber aonde ia, o que estava fazendo. E, no entanto, não sei. Achei que tinha algum controle. Mas essa é apenas uma ilusão para justificar a solidão. Seus tentáculos foram me envolvendo tão lentamente que nem percebi quando fiquei totalmente envolvida.

Acontece que nos acostumamos a tudo. Até acordarmos repentinamente desse estado e percebermos que não é permanente, ou ao menos pode não ser. Nós usamos essa palavra: normal. Mas, afinal, o que é isso? Creio que é aqui que determinamos ser. Só que assim deixamos, às vezes, de valorizar o excepcional ou nos acostumamos ao que é desagradável.

Você pode me dizer que nem sempre conseguimos mudar o estado das coisas. Concordo. Mas esquecer que podemos ao menos tentar, pode não ser o melhor caminho. Estou acordando. Sinto os primeiros raios da esperança baterem na ponta dos meus dedos.