sábado, 31 de julho de 2010

Mim é uma coisa diferente.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Bela moça de amarelo desce a rua, ruma para onde? Dia claro bela moça amarela. Pede ajuda ao moço que passa, almoço. Levanta, bate a poeira, saia rasgada. Saio rasgada, molhada, de uma olhada. Dia chuvoso, guarda chuva amarelo. Bela moça sob a nuvem. Bela nuvem sob a moça. Sobe a moça. Sabia moça.

domingo, 25 de julho de 2010

Texto em trânsito

O que é o tempo,
tão temporal e tão transitório.
Se for atemporal: que o tempo dure;
se for temporal: fecha a janela.
Se ganhar a corrida: bom tempo;
se chegar depois: seu tempo.
Se for Maria: o tempo varia;
se for Anacleto: tempo aberto.
O relógio para: troco a pilha;
não vejo: fico perdida.
Subo a rua: tempo bom;
desço a rua: enxurrada.
Se ficar encalhada: compre uma calha
dez_em_calha.

Tempo tão vagaroso: corre veloz.
Tempo tão calmo: se agita e cresce.
Pego a tampa: tampo o tempo,
explode, pipoca.
Tampo o nariz: tempo para;
abro a boca: tempo voa.

Nas asas de uma andorinha: tempo voa.
Engarrafado: tempo para.
Se for ter tempo: tempo terei;
se esquecer: tempo perderei.
Tempo nos galhos: saudação;
tempo raiz: infinito.
Janelas lavadas: tempo ruim.
O tempo todo: muita coisa.
Sem tempo,
cem tempo,
baião de dois.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A urgência é uma distração.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Não é porque está vazio que não está cheio.

domingo, 18 de julho de 2010

Surgiu em meio a penumbra o rosto de um homem grisalho, rugas, poucos fios de cabelo espantados. Poucos dentes afastados e velhos. Boca aberta, mandíbula deslocada, língua para fora. Pude sentir na minha boca, qualquer coisa marrenta, pegajosa. Minha mandíbula se deslocou e minha língua se desenrolou. Asco feliz. Foi o nojo que fez movimentar o maxilar, provocando a sensação de salivação nas mandíbulas. Aquele homem parecia olhar de forma jocosa. Em meio a chuva da noite, ele abriu os braços, olhou para cima, e mostrou a língua para o céu. O ônibus chegou.

Que gesto o daquele homem tão insensato. Poderia dizer que se perdeu, se não fosse a certeza de onde está. Poderia dizer que chamou os anjos a sua companhia. Poderia cantar cantigas de roda e girar e girar loucamente, como se amanhã não fosse mais ter água para beber. Poderia dizer que se perdeu, não fosse a certeza de quem não é. Aquele homem poderia correr léguas, não fosse a vontade de girar.

Permaneceu ajoelhado no meio da neblina lilás do entardecer, esqueceu-se que já era noite. Os lobos varreram a cidade, o apito do trem ecoou nos ouvidos do velho. Seus poucos fios de cabelo tremeram de contentamento, enquanto eu, quieta, sentia medo do seu riso. Homem feliz, sem saber que deveria chorar. Permaneceu com os braços abertos olhando a chuva.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Em uma janela, entre tantas outras, vi Alice passar. Parede branca, universo preto. Alice, renda branca. Inclina para frente, braços para trás, busca o equilíbrio. Ponte, adivinho. Ponte, trapiche, trampolim para o infinito. Alice, copo, mesa redonda. Toalha, renda em trapos. Não me rendo, mesa em trapos. Mesmo e trapos, não me rendo. Me rendo inteira, remendo, mulher em trapos. Trago. Trago o copo, trago a vida. Embriagada, cuspo o último gole. Custo a entender. Deito na cadeira, de volta ao bar. Dou voltas no bar, o bar da voltas em mim. Giro, quem gira? Quem diria!

sábado, 3 de julho de 2010

Dia de festa, cuidado com a aresta. Espia pela fresta.