terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Um fio te segura a vida. Mas é certo, todos dizem em definitivo ou em busca de um lado para apoiar. Eu digo que seja, afinal de contas costumávamos falar juntas o final daquela história que todos fingiam esquecer, ou esqueciam até. Mas prestei atenção a cada mínimo detalhe, e hoje olho para o seu rosto imóvel e pálido, gostaria de pedir que fechassem sua boca, mas aquele tubo leva a vida. De quem? Nos sentamos no sofá por longas horas como se algo chegasse ao fim, e chega. Olhamos uns para os outros entre dúvidas e conformidades. Dizemos até logo, até amanhã, mas a verdade é que todos gostariam de não precisar mais voltar.

terça-feira, 7 de maio de 2013

A longa espera longa de quem se pendura em cordas gastas no penhasco ao por do sol. A hora que anoitece dentro de sacos semitransparentes e pergunta ao guarda que passa que horas guarda em seu casaco de lã. Solta migalhinhas de vida enquanto balança os pés na correnteza. Aguarda a vinda da nova diva em sua carruagem de papelão. Assiste o dia em tela imóvel, até que seja hora de partir. Reluta contra os deveres, até mesmo o dever de dormir, à noite não aceita o dever de pegar no sono, de manhã o de deixá-lo. Durante o dia quase esquece que deve manter-se de olhos abertos, e quando lembra que a semana passa quase pula os dias. Veste calçados confortáveis e se dedica a leituras sem futuro. 

Anda de braços dados com a novidade por estradas estreitas, prende os cabelos em um galho, inclina a cabeça, enruga a testa. O dia se espalha pela corda gasta até chegar a ponta dos seus dedos, queima para que se solte, mas ela ainda agarra a mais desesperada tentativa de manter as mãos seguras, passa creme hidratante, mas o dia insiste em secar-lhe a pele. Escorrega até a última ponta, solta o derradeiro fio, em queda livre assiste a ascensão dos pássaros, cruza os braços, cruza as pernas e se espatifa no lago de cristal colorido. 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

E acordamos sempre no último segundo em busca de um palpite. Quem é? Pergunta através da porta. Um sopro e um silêncio. Ainda há dia em sua voz.

sexta-feira, 1 de março de 2013

De tanto pensar fiquei sem ideias.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O sentido que procura te encontra no meio. Abre os olhos e fecha novamente, ainda é escuro. Repassa as falas, mas tem extrema dificuldade em decorar, tenta entender qual o significado de cada sílaba, ainda é noite. Quando o véu cobre seu ventre jorra palavras descontroladamente tentando encontrar os significados, dicionários já não fazem mais sentido. Risco teu nome no ar, pergunto pelas letras corretas, deito no teu peito e guardo um segredo entre os dedos murchos. Uma voz impaciente perturba nosso caminho e por alguns segundos já não sabemos aonde íamos.