segunda-feira, 15 de julho de 2019

As falas

Uma coisa pode ser dita de diversas formas. Muitas vezes dizemos com um olhar ou um gesto e esses costumam ser meus dizeres favoritos. No entanto, às vezes, sentimos a necessidade de ouvir em palavras. Aquelas ideias todas guardadas, que vão se manifestando aos pouquinhos, podem se tornar pesadas demais se não forem postas em letras, espaços e algumas pausas.

Um dia acordei e percebi que aquilo que parecia óbvio pegava a estrada para longe. Foi um dia triste, de pouca produtividade, de muitas dúvidas. Sentei e, por um tempo, tentei descobrir o que reservava o futuro, nem isso trouxe alívio. Tem dias em que o futuro não quer ser conhecido. Sentei então em silêncio e esperei passar aquela dor. Eventualmente aquele turbilhão passa, mas um leve vestígio das dúvidas continua nos acompanhando.

Todos os dias parecem conter um aviso oculto. A informação está quase ao alcance, mas os dedos tocam de leve e não conseguem segurar. Parece que quanto mais nos esticamos, mais a resposta se afasta. Então esperamos quase impacientes que o vento mude. Deixamos tudo pronto e esperamos. O restante não depende de nós, precisamos apenas aplacar a ansiedade.

Penduro um quadro novo na parece e olho para ele por alguns instantes. Mesmo o que está feito deixa dúvidas, era esse mesmo o caminho a ser tomado? Seguro sua mão no escuro e peço que deixe uma luz acesa. O mundo vai se movendo de vagar, eu tento acompanhar o passo das estrelas. Seguro com mais força e percebo que não há mão alguma. As palavras tocam o teto e voltam para mim, o mundo está vazio.

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