quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Só por um instante

 Parece ter chegado aquele momento em que dou uma passada por aqui. Como naquela casa de férias, para a qual nem sempre temos tempo, mas sempre nos acolhe. Ela me aguarda, com as memórias que eu não deveria deixar, ou aquelas que eu não poderia carregar sozinha.

Nos vemos novamente, sento diante do espelho e pergunto: qual dessas sou eu? Passo por algumas memórias e quase lembro de quem eu era. No entanto, em certo ponto, quando volto mais atrás, parece que encontro quem eu gostava de ser. Ao longo do tempo foi inevitável assumir novas versões. Agora, tento decidir qual será a próxima.

Pergunto-me se você segue junto ou fica por aqui. Acontece que certas memórias são caras demais. Ainda assim, não têm valor de mercado. Por isso, seguem guardadas em uma estante empoeirada, ocupando espaço demais e, ainda assim, falta espaço para elas.

Abro a janela para o dia ensolarado e vejo as nuvens pesadas se aproximarem. Parece que o nosso tempo acaba rápido demais. Pego uma pequena caixinha e escondo sob o casaco. Esse será o meu alimento ao longo da jornada. Na expectativa de que o retorno seja breve. Mas, principalmente, que o acolhimento não se restrinja à casa de veraneio. 

Espero que ao abrir essa recordação, possa encontrar um caminjo que faça sentido. Mas eu volto. Por ora, fecho tudo as pressas e sigo. Vou na expectativa de não ter deixado nada meio aberto. Espero que no meu regresso você esteja pronta para me receber.

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