quinta-feira, 1 de abril de 2010

Tem dias em que paro para pensar nas tais “coisas da vida.” Minha avó quando se depara com algo ruim e não tem mais o que dizer comenta: é... são coisas da vida. Dá aquele suspiro e se despede.

Sim, ela deve ter razão, e o que são essas coisas da vida. Alegria, tristeza, sofrimento, realização, conquista, derrota, perder, ganhar, sorrir, chorar. Desespero... e para mim, a tal frase não produz nenhum efeito calmante ou reconfortante. Conformista talvez. E agora quem é que pode escolher as coisas da vida, algumas delas simplesmente caem nos nossos colos, e pronto! Ou você nina ou se irrita com o “estorvo”.

Hoje eu certamente preciso me livrar de algumas dessas coisas da vida, que estão encalacradas aqui, e ficam zanzando de um lado para o outro, elas que se aquietem, já estou ficando tontinha, tontinha com tantos zanzar e rodopiar. Aí, eu abro a portinha do quartinho escuro onde elas se encontram, e peço que saiam por gentileza. Mas elas têm lá suas exigências, não vão assim para qualquer lugar... querem um papel perfumado, uma letra caprichada, e não aceitam ser simplesmente soltas aí pelo vento. E se a gente não anotar... aí tá feita a folia, elas se recusam categoricamente a deixar aquela mente que encontraram com tanto sufoco. Sabe como é, tiveram que correr atrás de fiador, seguro, garantia, reforma, vazamento. Agora que encontraram um espaço tão bacaninha, uma mente tão arrumadinha, foram logo transformando tudo naquela desordem, falando todas ao mesmo tempo, “serelepecando”, e deixando o povo todo muito atrapalhado. Constrangidas? Não, elas não. Não se constrangem assim a toa, não é qualquer banho quente que as amolece.

E agora eu abri a tal portinha e elas achando que a proposta que eu fiz era tentadora, não param mais de sair, e enquanto elas não terminam, eu fico aqui presa, a seu dispor, transcrevendo tudo que me pedem. Será possível? Eeeiiii eu tenho mais o que fazer! Ah, tudo bem, tudo bem, eu me divirto também nesse meu serviço aqui. Além de me livrar, do atordoar, de tais inquilinas, ganho algumas linhas bacaninhas para mostrar aos meus netos quando perguntarem: vovó, o que são as coisas da vida?

Eu vou contar-lhes, tudo aquilo que faz parte da vida, mas vou pedir para que não digam em um enterro, isso são coisas da vida. Oras, e isso então não são coisas da morte?

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