terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Entre parágrafos oscila na corda bamba do vento.

Um vaga lume escorreu pelo meu ombro e fez tec no colo como quem avisa. O bichinho preto recusa em acender sua luz por algum tempo. Sobressalto com a sua chegada, traz notícias de outrem. Canções como aves sucedem-se em ninhos de cobras. A lagarta mais feliz de todas nunca soube virar borboleta. As que puderam voar viram a outra rastejar longe, sem nunca poder sentir o ar. A liberdade vem em ondas. O sol queima as pernas e o vento gela as costas.

Continuei esperando resposta por horas, a luz continuava sem ascender. Como se todos os sinais tivessem se apagado das paredes e como se todos os homens tivessem emburrecido de vez, sentou. Cotovelos sobre a mesa, largada em um canto, o mormaço entrava pela porta aberta. Os sons dos pássaros e da água fervendo, invadiam seus poros.

Passou voando, foi tão rápido que não pudemos ver direito sua cor. Uma luz piscando a seu lado. Pensamos ter sido o vaga lume, mas ele havia se apagado. Confundi com uma barata, acho que quebrei a lampadazinha na sua bunda quando pisei. Ele saltou várias vezes, eu só queria que ele voltasse a piscar. Escondi-me atrás de uma mesa, espiei por cima dela, olhos úmidos, sobrancelhas enrugadas. Sentei a seu lado.

Seu último gesto, vez tec, deu uma pirueta no ar, caiu contra o solo. Recusou-se a dar sua última luz para aquela que quebrou sua lâmpada tão delicadamente protegida.

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