sábado, 12 de fevereiro de 2011

Descarta

Uma cigana que perdeu suas asas.
Perdeu o destino que ela mesma traçou.
Seus traços ficaram borrados e gastos,
suas mangas sujas a barra da saia.
Quis levantar barrada, saia!
Cigana de olhos verdes previa sem cartas.
Cigana sem olhos previa, quase sempre.
Se ensaia, cigana de saia, saia!
Chove na cigana, chuva de cigana.
Chuva de cigana é suada e intensa,
cai com força, seca rápido e dura.
Chuva de cigana é sal grosso, pimenta.
Cigana sente sem dizer que sim e
morre todo dia sem admitir. Sente.

4 comentários:

  1. É lindo.

    "chuva de cigana é sal grosso e pimenta"

    Quando leio algo assim tenho orgulho de saber que você sabe,diz e lembrará que sou parte dessa face da sua alma de artista. De certo modo meu papel como amiga foi cumprido e me sinto emn paz. Face meramente virtual, que fique claro, pois não há nada mais originalmente Lili do que a sua escrita, e não existe ninguém como Lili. Lembro de ter posto numa foto tempos atrás a legenda "Isso é tão Lili", porque não havia adjetivo cabível e não há sinônimo para LILI.

    Vir aqui é garantia de uma leitura que trancende o "eu-lírico" autoral e abarca universalidades e singularidades num paradoxo que significa arte e se desdobra à percepção.


    E só uma imensa sensibilidade daria asas de cisne a quem mal e parcamente contribuiu para as suas asas de cera.

    Beijos

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  2. Obrigada Iri, mais uma vez. Nessas horas eu sinto que tudo valeu.
    Os amigos são parte fundamental para que eu tenha conseguido vir até aqui. Fico muito feliz e emocionada, são vocês que me fazem continuar acreditando em mim mesma, em todas as minhas faces ;)

    Beijinhos

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