sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Nuvem de tempestade sobre a cidade horizontal. Roupas no varal, brinquedos na varanda. Demos as mãos e dividimos o peso das compras do mercado. Cansados de tanto andar, repensamos velhos conceitos enquanto tomávamos chá. Uma joaninha verde pousou na janela, a réstia de luz ainda permitia ver seu sorriso. Quando as gotas caíram disforme e incertas soubemos que não adiantava o guarda chuva colorido. Quando rompemos com o mundo sabíamos que não encontraríamos outro de nós no inconsciente de um gigante. O mundo se perdeu em uma translação qualquer. Hoje é dia de vestir galochas pois deixamos inundar até a canela. Meu chá esfriou antes das cinco, deslizei pelo morro ainda úmido.

Nuvem de tempestade, os pingos caíram irregulares e incontáveis. Galochas para atravessar a rua, capa de chuva para deitar no chão. Chaves sob o tapete, chaleira no fogão. Roupas no varal, na estufa, na cama vendaval. Toda descoberta, partiu para o fim esquecendo de passar pelo meio. Ferro de passar, gorro para andar de balanço. Pêndulo incerto, em algum momento para, pois nem sempre o que volta vai.

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