domingo, 22 de maio de 2011

As patologias se acumulam e se complementam. Se tivéssemos uma cura para o nosso estado de espírito cobraríamos caro por ela. Nos repartimos em esferas diferentes para conquistar um sol que nem sempre brilha. Nos ferimos com navalhas enferrujadas e as infecções vão se espalhando por corpos cada vez mais deformados. Multiplicam-se ulceras por essas peles tão brancas por falta de luz. Desbotamos até ficarmos transparentes. Definhamos até virar pó. Nos cheiramos até estarmos tontos demais pela nossa própria loucura, nos embriagamos de lágrimas agridoce. E quando nos conectamos novamente não conseguimos nos despedir sem um tom de doçura. Esquece sempre o que diz, confunde-se em seus atos e ditos, mistura suas próprias ideias, e borra seus ideais com códigos pré-estabelecidos.

Nos misturamos em seiva bruta, nos alinhamos em códigos celestes, nos perdemos em estrofes vãs, nos iludimos com estranhos repentinos. Esculpimos nossas faces em pedras duras que depois lançamos de ribanceiras até que se choquem com um caminhão em alta velocidade e deixem de existir num breve suspiro. Sim, suspirava mas não era por dor, inspirava profundamente tentando tragar a vida que nos envolvia, mas fomos tolos. Ainda somos, e continuamos sendo por tanto tempo. Esquecemos de apagar a luz e quando vemos já é dia, não lembramos de dizer boa noite, ou bom dia, mas sempre pedimos que durma bem. Somos estranhos a nós mesmos, somos esquecidos, mas ainda sim lembramos de tantas coisas.

Erramos o alvo e ainda assim cantamos vitória vez ou outra. Escalamos montanhas para poder ver o sol por mais um instante, e passamos frio a noite inteira. Nos enganamos para driblar esses emaranhados, mas continuamos sentindo. Guardamos a ficha para o momento em que a saudade estiver mais apertada, e marcamos encontros sempre onde teremos vigias. Morremos sempre mais um pouco, até que possamos ressurgir em um trecho qualquer.

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