sábado, 14 de janeiro de 2012

Reflexo

O que vejo na tela são minhas próprias mão se espalhando rápidas e flexíveis. Não vejo teus olhos e não deduzo nada, guardo a última recordação de um olhar se opondo a própria voz. Não guardo mais coisa alguma e deixo que se espalhem por aí essas coisas todas. A noite foi longa, mas não imaginei o que faziam por aí, essa noite pensei apenas em mim. Todas as vezes que acordei estava feliz, para variar. Todas as vezes em que acordei fiquei surpresa por ter dormido. Quando descobri que era dia, fiquei feliz, pela primeira vez em muito tempo. Pela primeira vez é dia e eu não tenho sono. Pela primeira vez escrevi minhas metas em uma folha de papel, e elas não são perdíveis. 

Hoje acordei depois de nem bem dormir. Hoje acordei várias vezes, aguardando o meio do dia. Hoje ainda não estou satisfeita, mas estou menos triste. Hoje, em boa parte, voltei a ser eu mesma. Em boa parte, hoje, pude entender o que me faltava, e pude descobrir que ainda consigo falar. Descobri que ainda posso fazer, e mais do que isso, descobri que não estava conquistando pelo simples fato de não fazer. Hoje acordei de um sono profundo que durou anos. Hoje acordei de uma inconsciência tão interminável que faz com que eu perca seu início.

Ontem os labirintos se comprimiam e hoje eles se alargam. Ontem perdi a razão para hoje reencontra-la. Afinal, como diria minha bisavó "tem que se perder para se achar". E eu tendo me perdido tão profundamente, ainda tateio o caminho de volta. 

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