terça-feira, 23 de março de 2010

Sopro

A espera: uma linha infinita, enigma. Preenchi minha linha com flores, sorri para os passarinhos, acenei para as nuvens, reguei as plantas com lágrimas doces. Dancei entre os carros, as ruas, as pessoas. Dancei no ar. Guiei-me pelos tons, pelos sons. Fechei os olhos e deixei que o sol aquecesse. Pedi abraços, ganhei carinhos, sorri para o inimigo, beijei o desconhecido, abracei aquele que me trai e joguei os dados para o alto. Quem será a próxima vitima?Sentei no banco mais alto, na colina mais alta e observei a vida. Olhei a verdade nos olhos e não pude decifra-la. A verdade entrou toda de uma vez no meu peito e me sufocou. Arranquei ela de lá, mandei que se calasse, respirei fundo, enfiei um olho pelo gargalo da garrafa, encarei a verdade novamente e agora ela sorria jocosa. Uma questão de ponto de vista! Quando outros chegaram, ela se escondeu. Eu berrei, ela se recusou, eu solucei, ela sussurrou; não queria que os outros ouvissem. Senti-me pesada, rodopiei, sorri sarcástica, entrei no seu jogo, joguei, joguei fora. Falei verdades duras disfarçadas em sorrisos malandros. Senti-me poderosa, me vi impotente.Sou fraca para o mundo todo, sou forte para a parte que me cabe. Vou abrir as janelas e ver os papeis voando. Quero que a ventania organize a seu modo. Tenho os braços cruzados e de pé em um canto, observo. Tudo é claro, a luz penetra por todo o ambiente, a sombra pede abrigo. A água parou, meu sangue repousa. Está tudo suspenso. Vou pular pela janela e voar para todos os lugares. Vou ficar aqui parada e ver o vento trabalhar. Em silêncio. Tudo se move, nada fala nem falha, farfalha.

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