segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pouco me imoprta a beleza

Hoje a parte minha que fala é a que sente os tapas do mundo. Chegou minha hora de partir, serei outra ave em outro céu. Dia 20 quis escrever que ficaria um tempo em silêncio pois meu abrigo havia sido invadido, mas eu não tinha noção do quanto essa afirmativa era verdadeira. Não escrevi tamanha era a necessidade de me calar. A minha luz foi uma velha amiga que encontrei, mas ela me pareceu tão nova de repente. Deixarei que ela fale por mim por alguns dias, espero ter coragem de segurar em sua mão e aprender com seus passos.
Quando vi estava me sentindo vulgar em meus propósitos, antes eram tão meus, passaram a ser qualquer coisa. Mas parando para pensar pude perceber que eu estava apenas olhando na direção errada, que foi essa invasão que tornou ordinário o que era um abrigo antibombas. Ridiculo que eu me prenda a quem não se importa com o que há de mais básico para mim. Descobri que amor não é suficiente, precisamos de mais do que isso, precisamos de ação. Eu descobri que de todas as coisas que amo, estava agindo pelas erradas. Estava agindo pelo que não age por mim. E é tão estranho descobrir isso pela milesima vez de forma tão diferente. E parece que mais uma vez voltarei atrás, que mais uma vez serei fraca de mais para ir adiante. Mas serei mesmo? Foco, mil vezes foco. Me afogo tentando salvar a todos, foco. E querem saber: muito obrigada, me afoguei! Morri em meio a uma correntesa daquelas que não viamos a tempos. Ontem vi a cidade alagar do alto do predio, mas é chegada a hora de misturar-me a chuva. Muito obrigada, me afoguei! Morri, você me matou lentamente, e doeu apertado de mil formas diferentes, e quer saber: muito obrigada, ainda doi! E que doa, que doa mais mil vezes, mas que doa em outras partes, com outras pessoas, com outras histórias, que eu morra mais um milhão de vezes, mas de formas diferentes. E que eu renasça mais quantas vezes for preciso.
Obrigada, continuarei morrendo lentamente por quanto tempo for necessário, por horas, por meses ou anos. Mas já me sinto renascer em meio as cinzas ainda quentes, nem sei se elas esfriarão, pois estou virando fogo. Basta de apenas flutuar com o vento, vou testar queimar com o vento. É bom que eu registre tudo para mim mesma, é bom que amanhã eu ainda lembre o que pretendo, é bom que eu fique com uma grande cicatriz na face para que possa me lembrar. Minhas asas estão um pouco destruidas, precisarei andar algum tempo por terra.

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