segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um dia de quase sol

Uma resposta. E eu te digo, pense nisso. Esqueci de falar por horas, fiquei muda. Engoli milhares de farelos e quando por fim, vi que tinha um bolo inteiro só para mim. Glacê, camadas de chocolate, chiffon. Esfrego raspas de algodão na sua face ainda embriagada de fantasias adolescentes. Rasgo o vestido de debutante e guardo cuidadosamente em um saco preto. Esfrego as paredes com uma pequena espátula. Vou esquecendo nossos dias ruins lentamente. Vou esquecendo nossos desencontros diurnos e relembrando nossas serestas noturnas.

As palavras escorrem por finos fios dourados e vão se depositando livremente aqui e ali. Quem é aquela menina de saia que se esconde atrás do coreto? Espia entre as madeiras cujo branco descasca. De quem são aquelas tranças douradas que terminam em cachos? E as chiquinhas deviam ser presas cuidadosamente para evitar um desastre maior mais tarde. Seus grandes olhos espiam curiosos. Quem será a menina com mãos de fada e luvas de macramé.

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