segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Veneno para orquídeas

Sinto-me escorregar por um penhasco bem liso. Não encontro aresta na qual possa me agarrar. Sinto a fome subir até minha boca e a sede se espalhar pelos dedos. Desprezo os ditos inimigos e odeio meu próprio amante. 

Seria estranho eu falar de eternidade para coisas que se desmancham com um sopro. Eu sinto de repente que sempre qualquer indelicadeza foi mais importante do que o meu ser inteiro. O inimigo reside no meu ventre e alimento com cada gota amarga depois das duas. Amamento esse gérmen podre que me intoxica aos poucos. Faço uma fogueira onde queimo todas as nossas vaidades. Sou um ranho verde que escorre pela parede lilás.

Quantas frases não ditas se acumularam na garganta que incha e faz a dor apertada subir pelos ouvidos e se espalhar por toda a cabeça. Só queria que uma vez na vida eu não fosse julgada assassina. Mas me condeno a guilhotina. E decapitada deixo minha cabeça rolar e saltitante se perder para sempre. Assim garanto distância segura entre ela e o resto.

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