segunda-feira, 11 de abril de 2011

Velhas velas, vê-las gastas

Procurei entre os papéis amassados a melhor explicação para aquela nossa ideia infalível. E não encontrei, não encontrei. De que adianta explicar se a verdade está bem diante dos nossos olhos? Mas o que é a verdade para uma mente confusa. Depois de meio ano já não sabemos quem fomos, ainda não sabemos quem somos. Eu diria que não é mais preciso uma palavra, que basta de sorrisos ou abraços, que basta de ser ou deixar de ser. Eu diria que vá e não olhe jamais para trás. Eu diria que se cale para sempre. Eu faria. Se eu fosse. Onde estou? Esqueça!

Caí em um redemoinho e giro há meses. Em alguns momentos fico submersa na água, bato os braços e puxo o ar com desespero. Pisco os olhos com força, mas as imagens estão sempre embaçadas. Tontura sempre as 2 da manhã. Fome sempre as 6 da tarde. Jejum a vida inteira. Cavalos mancos, ferraduras velhas, espinhos secos, velas gastas. Talvez eu só possa parar os braços e pernas. Talvez só possa esperar que a água me leve ao fundo, mas lá a terra não é firme. Quem sabe passe uma grande fênix e me ofereça sua pata. Mas enquanto rodopio na água só posso rega-la com meus lamentos, pois tudo que vejo é igual a tudo o que vi.

Sim, eu solto teu braço. Solto também minha alma, e quando eu acordar ainda irei vazar pelos mesmos motivos, ainda estarei sentada sob a mesma goteira, os pingos gelados ainda serão regulares no topo da minha cabeça. Minhas fraldas ainda estarão atadas, agora um pouco mais gastas. Chegou a hora de parar a natação, pois todos podem ver como nado contra a maré. Teu veredicto foi dado, então me calo. Deixo que sequem minhas raízes nesse solo árido. Pois se não é assim a vida, a terra a girar em torno do sol, e ele indiferente a girar em torno de si. 

Nesses dias sem chuva seco e resseco. Nesses dias sem nuvens sou completamente nublada. Nesses anos sem pausa estou entre quatro paredes. A terra rachada e minhas raízes engaioladas por teu sopro gélido. Giro a meses ou terei sempre estado a girar? Sufoco e as velas estão gastas. Troco meus passos com os teus, mas agora sou água.

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